01 maio 2019

SE EU NÃO FOSSE A TUA SOMBRA

Se eu não fosse a tua sombra, meu amor
Seríamos dois corpos ardentes
Estonteados loucos d’ esplendor
E não sentiria o teu vazio, dormente
Mesmo assim:
Corro a procurar-te no meu espaço
E vejo-te ao encontro d’outro caminho
E sonho-te no meu peito a um compasso
Num estreito laço de carinho

Respiro o ar, a claridade desse momento,
O prazer ao rubro, o doce mel
Dos beijos compartilhados, a passo lento.

Mas tens um amor e tanto, e tão fiel,
Anseias um futuro jubiloso,
Buscas e projetas cada um dia… às vezes tão cruel!
E o teu vigor nunca desata por ser teimoso!

14-02-2019 Maria Antonieta Matos
Pintura: Costa Araújo


AMIGO

AMIGO

Ao olhar o azul do céu iluminado
Onde repousas de riso aberto a fantasiar
Coras a tela no universo… sempre apaixonado
Das mais lindas cores de pintar

De asas ao sol e ao vento a estremar
Na mais pura inspiração… que arrebata
O sonho eterno brinca sempre aprofundar
As cores dançam ao som da mais bela serenata

E nessa enormidade a tua alma pura
Abrilhanta a terra de formosura
Que grita de saudades de ti

Coloquei uma escada até ao céu, aqui do adro
Onde expões agora os teus quadros
Para declamar meus versos também aí

Maria Antonieta Matos 23/04/2019

17 março 2019

O INVERNO


Ó inverno pareces doente
Já não choras como outrora
Nem o frio é persistente
Tudo é diferente agora

Não digo que não goste disso
Mas inquieta o ambiente
A cultura muito sente
E todos pagamos com isso.

Maria Antonieta Matos 05-02-2019

Pintura de Costa Araújo

Ó NOITE...

Ó noite… tão longínqua me pareces
Quando o pensamento se recusa a dormir
Tudo vem à memória… que nada esquece
E ainda acrescenta tudo aquilo que pensa vir

Ó noite acordada que sempre trazes reboliço
Na alma, no coração, no cansaço dos meus ais
No corpo dorido, revoltado, quebradiço,
E aos olhos aflitos que não se querem fechar mais

Ó amanhecer que já não te ouço, nem te vejo
Tinha planeado o meu dia de esplendor
Mas apaguei os sentidos e nada mais almejo

A sombra ficou em mim suspensa, sem nenhuma cor
Esqueci o sorriso, o nome e o desejo
Sucumbi no sono e fui à busca do sonho de amor.

15-03-2019 Maria Antonieta Matos

AO AMIGO

Há muito que não renovas as tuas telas,
Como fazias em cada um amanhecer,
A ouvir as vozes do Alentejo e a canta-las, 
Empolgado, sorridente na pintura a renascer.

Há muito que o vazio silencia o espaço,
Que a saudade vive em cada teu lugar
Ávida de claridade, de alegria, de um abraço,
Do espelho que projetas no teu olhar.

Há muito que tuas mãos estão quietas,
Que os pincéis estão cansados de te esperar,
Nutre-se a falta do teu astro colorido de poeta.

Embora acredite que continuas a sonhar,
Que abispas o pormenor nessa janela aberta,
E eternizas esse amor numa noite de luar.


13-03-2019 Maria Antonieta Matos
Pintura de Costa Araújo

O INVERNO

Ó inverno pareces doente
Já não choras como outrora
Nem o frio é persistente
Tudo é diferente agora

Não digo que não goste disso 
Mas inquieta o ambiente
A cultura muito sente
E todos pagamos com isso.

Maria Antonieta Matos 05-02-2019

Pintura de Costa Araújo

18 fevereiro 2019

SE EU NÃO FOSSE A TUA SOMBRA

Se eu não fosse a tua sombra, meu amor
Seríamos dois corpos ardentes
Estonteados loucos d’ esplendor
E não sentiria o teu vazio, dormente
Mesmo assim:
Corro a procurar-te no meu espaço
E vejo-te ao encontro d’outro caminho
E sonho-te no meu peito a um compasso
Num estreito laço de carinho

Respiro o ar, a claridade desse momento,
O prazer ao rubro, o doce mel
Dos beijos compartilhados, a passo lento.

Mas tens um amor e tanto, e tão fiel,
Sonhas por um futuro jubiloso,
Buscas e projetas cada um dia… às vezes tão cruel!
E o teu vigor nunca desata por ser teimoso!

                       
                                                                14-02-2019 Maria Antonieta Matos
Pintura de Costa Araújo 

MALDITA GUERRA
























Estilhaços explodem no ar,
Um espetáculo aterrador!
Gritos…
Choro…
Separação… tanto medo
A qualquer hora, tarde ou cedo
Sem refúgio acolhedor.
Olhos de espanto… inocentes,
Desorientação que dá dó,
Crianças que ficam só,
Entregues à própria sorte.
Improvisam-se hospitais,
Sem recursos, tudo aos ais,
Impotência…
Indiferença…
Desprezo empacotado,
A estranheza passa ao lado,
Por interesses tão banais.

Tão simples seria a vida,
Se houvesse compreensão,
Humanidade muito amor,
E o sentir do coração.

14-12-2018 Maria Antonieta Matos

NA SOMBRA




















Pintura de Costa Araújo

















Numa nuvem encobertos,
Andam no ar grandes vultos,
Citados pelos incultos,
Navegando no deserto.

Não têm grandes ideias,
Encostam-se a almas marcantes,
Por se acharem importantes,
No paleio ignóbil que os rodeia.

Têm um semblante empinado,
Presunçosos de boa fala,
Com seu ego maravilhado,

Tanto enganam ninguém os cala,
São convencidos, descarados,
Gabarolas fazem gala.


17-05-2018 Maria Antonieta Matos

PAREM LOUCOS…










Pintura de Costa Araújo














Parem loucos… desvairados,
Sem nenhuma complacência,
A jogar sempre inflamados,
Sem pensar nas consequências.

Parem… para pensar um pouco,
Dominem os maus pensamentos,
Não façam o mundo mais louco,
Só feito de horríveis momentos.

Parem… supliquem ajuda,
Não entranhem essa loucura,
Num instante de crise aguda.

Parem… com tanta tortura,
Que ninguém têm culpa de nada,
Não façam a vida dura.

Parem… Que mundo é tão belo,
Sonhem façam castelos,
Amem…! Que o amor tudo cura.

Parem… busquem a luz que mais brilha,
Concebam dias de partilha,
Tenham momentos de aventura.

Não entrem em desespero,
Deem à vida doce tempero,
Caminhem na boa ventura.

06-02-2019 Maria Antonieta Matos

01 fevereiro 2019

INSÓNIA

A mente cansada já tem horas…
Contudo a insónia não se dá por vencida,
Espreito a janela e o vazio afora,
E nem uma estrela me fala atrevida.

Entranha-se o frio no corpo despido,
Embora os olhos persistam abertos,
Erram na noite num ver sem sentido,
Embalando o tempo tão pouco dormido.

As pálpebras pesam… o dia amanhece,
O pensamento desfeito já não tem alento,
O som dos passarinhos do nada desvanece,

A insónia teimosa chocalha meus olhos,
Que se prendem ao sono sem nenhum encanto,
Por momentos, vem sonho infernizando o sobrolho.

Maria Antonieta Matos 29-01-2019
Pintura de Costa Araújo

29 janeiro 2019

AS EMOÇÕES DO TEMPO

Ó tempo, que trocaste teus hábitos,
Que me enganas em cada estação,
Que atormentas os povos com errada decisão,
Mas que nos trazes às vezes a luz da razão.

Eram quatro as estações do ano,
Que aprendi desde muito cedo,
Cada uma ostentava emoção,
De alegria, tormenta e medo.

No inverno intensa chuva,
Dia e noite lavravam ribeiros,
Choravam os beirais no chão,
Acenando o arvoredo.

Trovejava… gritavam luzes no céu,
Rugia o vento altivo,
Pintava-se o dia de breu,
Encharcado ficava o corpo,
Resfriado até ao osso,
Rodopiava o chapéu.

Alagada a terra frutífera,
Geminava a semente,
Lançada com mãos de “guerra”,
Um corrupio permanente.

Na chaminé estalava a chama,
O café perfumava a casa,
Os mais velhos contavam “estórias”,
Ia-se cedo para cama.

E lá vinha a primavera,
Colorida e luminosa,
Tudo era verde e florido,
A cada canto uma rosa.

Seduziam as andorinhas no céu,
Chilreando de contentes,
Olhares concebiam véus,
Traçando linhas cadentes.

Às vezes tinha chuva, tinha vento,
Tempo ameno, trovoada,
A cultura agradecia,
Nos regos, a vida surgia,
P’ la terra tão bem estrumada.

Espreitava o verão trazia chama,
O corpo exausto transpirava,
A hora da sesta só a cama,
Acalma a sonolência obstinada.

No campo o chapéu e o lenço,
Ensopavam o suor a dilacerar,
E aliviavam o sol ardente,
Tão baixo, tão eminente,
Difícil de suportar.

O outono vinha cansado,
Da secura do calor,
As árvores despiam a ramagem,
Punham o chão multicolor.

Ficava triste o outono,
De frio e nuvens cinzentas,
As noites longas de sono,
Tinham manhãs rabugentas.

Aclamava o vento e a chuva,
Com vontade de sorrir,
De mudar o seu vestido,
Num tom verde divertido,
Das suas árvores vestir.

Maria Antonieta Matos 26-01-2019

25 janeiro 2019

PORQUE ME OLHAS ASSIM

Porque me olhas assim, 
A espreitar p’la fechadura,
Parece não confiares em mim,
Com esse ciúme sem fim,
Doentio cheio d’ amargura.

Querias ver-me a escorregar,
Isso vive em teu pensamento,
Na tristeza desse olhar,
Que turva a cada momento.

Não digas que não sei amar,
Que me dou levianamente,
Porque há jeitos de gostar,
E meu peito por todos sente.

24-01-2018 Maria Antonieta Matos
Pintura de Costa Araújo


24 janeiro 2019

APROXIMA-SE A NOITE


Aproxima-se a noite no dia tão negro,
Navego nas águas tão escuras de medo,
Ao longe um farol ilumina o rochedo, 
E sinto arrepios na noite que é dia, 
Tão gelada, tão fria,
As horas, tão cedo.

As ondas s’ enfurecem na areia,
Tapam e destapam o meu leito,
Oiço o choro da Sereia,
Querendo namorar o meu amor-perfeito. 

O Sol escapa-se envergonhado,
Beijando a lua à socapa, 
Num momento coroado,
Que a nuvem cúmplice faz de graça.

Aconchego-me a ti, meu amor,
Pulsando meu peito que sentes bater,
Abraças-me com jeito no manto sedutor,
Que atenua o pranto no fundo do SER,
Que aquece a alma, 
Tão frágil mais calma
Sempre a renascer.

Depois descobre o dia numa luz clara,
E livres ao vento voando no céu,
Trocamos olhares, sentimos desejos, 
No sonho de amor vamos tu e eu. 

14-01-2018 Maria Antonieta Matos

A LUZ DO PENSAMENTO

Oiço eterna luz do pensamento,
Que me envolve subitamente neste anseio, 
Que desdobra em emoções e enleios, 
Minhas mãos que pintam agraciado momento.

Surpreende-me e leva-me longe, tão perto,
Renasce como a fonte inesgotável,
Como ter dentro a criança inseparável,
Que emerge e se deslumbra no deserto.

Canto o amor que na tela deito,
Abro a chama que os meus olhos veem, 
E encadeio os teus sem preconceito.

Toco vivamente o sentir do meu pensar,
Acordo a leveza e o rasgar das cores,
E espero de ti a loucura de gostar.

23-03 2018 Maria Antonieta Matos

ONTEM A CHUVA

Ontem sentia-te disparada,
Teclando as pedras no chão,
E apurei o meu ouvido,
Só pr’a ouvir tua canção.

Espreitei-te p’la janela, fria,
O meu sentir te avistou,
Há muito que não dormia, 
Tanta falta que fazias, 
Que meu coração t’ aclamou.

Estava escuro e o chão brilhava,
Abracei-te para agradecer,
Aos beijos tu me molhavas,
E eu contente ali ficava,
Com saudade de tanto querer.

Havia tanta energia,
Namoramos p’la noite fora,
O instante apetecia,
O vento doido corria,
Pareciam as noites d’ outrora.

Chorava o beiral de contente,
Lençóis de água a rebolar,
Sintonia comovente,
Numa noite bem diferente,
Musicalidade a pairar.


02-03-2018 Maria Antonieta Matos

A SAUDADE DA CHUVA

Caem gotas escassas e brandas,
Com meiguice a beijar a vidraça,
Parecem olhinhos da ciranda, 
Que o vento a traz de banda,
Oh! Chuva tens tanta graça!

Fixei-te cheia de saudade, 
Que não tardei a sorrir,
A pensar com esta idade,
Nunca te senti fragilidade,
E tão custosa de parir!

Não te ausentes por mais tempo,
Que fico triste na desventura,
A lutar contra esse tempo,
Esperando-te a qualquer momento,
Mesmo que tragas loucura!

27-02-2018 Maria Antonieta Matos

A CHUVA

Há quanto tempo não via,
O toque da chuva caindo,
Ao sopro da ventania,
Que nos meus olhos batia,
E me segredava ao ouvido.

Há quanto tempo esperava,
A fonte que alimenta a vida,
Que no campo tudo encharcava,
De mil cores se apalavrava,
De virtude enriquecida.

Hoje visitou-me apressada,
Mal aguou a terra infinda,
Cheia de sede tão gretada,
À espera de ser molhada,
Moribunda ressequida.

E não quis por cá ficar,
Apagou as nuvens do céu,
Trouxe o sol a madrugar,
E voltou a emigrar, 
Ai… minha esperança morreu.

27-02-2018 Maria Antonieta Matos

SOU TUDO... E... NÃo SOU NADA

Sou árvore vigorosa, solta
Minhas estirpes me sustentam
São os dentes e a minha boca
Que fazem crescer meus braços
Frondosos que tudo aguentam

Com amor dou flores e frutos
O sol me aquece e roça
A chuva me acaricia e escuto
O sopro da ventania
Que às vezes me arrepia
E ao toque, meu corpo dança

Sou pranto de mágoa intensa 
Sou aconchego no ninho
Sou sorriso rasgado, vida 
cama e mesa, alma perdida 
Solidão, silêncio e espinho 

Sou fogo, tristeza, dor
Sou esqueleto ignorado
Sou joguete que muda a cor
Sou um susto, o adamastor
Sou refúgio no triste fado

Sou lenda decorativa
Em palavras de saudade
Sou o rosto embasbacado
Nesse tecer emaranhado
Que desperta ansiedade 

Sou a grade do cativeiro
Que não deixa nada passar
Preso sem boca, nem dinheiro
Para um qualquer usar

Sou folha caindo aos poucos 
Da árvore que sustenta a vida
Sou baile, euforia de loucos
Para a etérea partida

Sou tudo, e não sou nada
Quando sou luz ou me desligo
Que mereça quando há falha
Que precise e nada valha
Que prevaleça o castigo

21-04-2018 Maria Antonieta Matos

GANÂNCIA






















Pintura de Costa Araújo




Vives obstinada sufocada,
Aprisionada em teus sonhos,
Na ganância assoberbada, 
De mãos cheias regalada,
Sempre de portas trancadas,
Na desconfiada abastança.

Trazes o coração endurecido,
Estático sem horizontes, 
Teu pensamento é cegueira,
Só vê prata, só vê ouro,
Vive da caça ao tesouro, 
E a esconder toda a sujeira.

De mão sempre disponível,
Para tudo açambarcar, 
Humilha e pisa sem estima,
Com elevada autoestima,
E aveludada voz a cobrar.

12-05-2018 Maria Antonieta Matos

A VAIDADE

A vaidade quando impera, nada presta,
Que valha o motivo dessa mudança,
Porque esse enlevo tão-pouco resta,
No tempo, esse requinte também cansa.

A vaidade quase sempre é reversa,
Faz pensar o que não é,
Esconde-se na falsa modéstia,
Vive habilidosa, perversa,
Para quem usa de boa-fé.

Convencida no seu ego,
Vive em bicos de pés,
Bandeia-se de lado pr’a lado,
Com seu aspeto elevado, 
Mostrando aquilo que não é

Maria Antonieta Matos 12-05-2018
pintura de Costa Araújo

A MAGIA DOS ROSTOS

Rostos que marcam uma era
Que não morrem na memória 
São ecos da nossa esfera
Que acendem palcos de glória

São mitos cheios de magia
Poemas… ímpetos ao ouvido
São traços d’ arte que se cria 
Num dedilhar instruído 

Emoções que o semblante revela
De riso, inquietação ou prazer
Que o lápis fantasiando modela 

Luz que reflete no íntimo do ser
A cada retoque de beleza na tela
E fortifica a quietude e faz a saudade volver

12-04 2018 - Maria Antonieta Matos
Pintura de Costa Araújo

A CHUVA ÀQUELA HORA



                                                Pintura: Costa Araújo


A CHUVA ÀQUELA HORA


Na madrugada telintavas veloz na minha vidraça,
Para que eu ouvisse o teu canto àquela hora,
Assobiava o vento, abanava porta que dava graça,
Mas não me atrevia, embora queria, 
Aquele toque pl’a noite fora.

Maria Antonieta Matos 25-03-2018

MÃE


Aos ais está o meu peito,
De te ver tanto a sofrer,
Tanta dor, tanto mau jeito,
No teu corpo a perecer.

Teu sofrimento está em mim,
E tão pouco posso fazer,
Ao teu olhar nem um sim,
O meu te pode parecer.

Sinto-me tão impotente…!
Pequenina a precisar de colo,
Por não ouvir o que sentes.

Porque estás presa no leito,
Proibida, sem consolo,
Como se mal tivesses feito?

24-08-2018 Maria Antonieta Matos

MÃE


Tens cuidadores de excelência, 
Carinhosos e responsáveis, 
Que a cada tua ocorrência,
Reduzem a dor implacável.

Como seria em meu querer,
Ficares em casa junto a mim,
Chorando sem saber que fazer,
Num desconforto sem fim.

Bendito o Ser humano, 
Que pensou o remédio pr’a dor,
Que baniu desconforto e abandono,
E ditou dignidade, pra quem for.

Esse mal que muito afronta,
Que vem sem dó, nem piedade, 
Que o remédio desencanta, 
Que faz a dor sua vaidade

O sentir de cada um,
É tão difícil de ver,
Naqueles que se escondem na sombra,
E não se dão a conhecer.

Outros, as emoções sobressaem, 
No seu rosto ou no seu gesto,
Ou quando as lágrimas caem,
De alegria ou de protesto.

Mas se houver quem nos espere,
De braços abertos e coração cheio,
Vivemos de todo mal libertos,
E do sofrimento… alheios.

24-08-2018 Maria Antonieta Matos

MÃE

Partiste o nosso coração
De saudade a cada instante,
Deixaste teu lugar vazio 
Tão calado, tão sombrio,
Que o nosso mirar incessante, 
Cheio de sede de te ver,
Turva de tanto nos parecer, 
Sentir teus passos, teu ar,
A caminhar, a viver,
Sem cansaço a remexer, 
E o teu peito tão amante.

Navega aqui tua estória,
Teus sorrisos escancarados,
Teus amigos enamorados,
Desses momentos de glória. 

As lembranças que deixaste,
A saudade nunca esquece,
A cada canto que moraste, 
Um renascer acontece.

Maria Antonieta Matos 06/09/2018

MÃE

Grita uma saudade no peito,
Que acorda os dias, os passos,
Escurece meu íntimo desfeito,
De ver tão longe teus abraços.

Chovem lágrimas no sossego,
Revivendo a nossa estória,
Que se apagou de repente,
Desta maneira tão inglória.

Murmura-me a cada segundo,
Aquele teu passeio pela vida,
Que não esqueço neste mundo.

Ficarás sempre em pensamento,
A recordar teus sorrisos,
E a nasceres num momento.

21-08-2018 Maria Antonieta Matos

VOU PROIBIR A TRISTEZA

Vou proibir a tristeza
De sonhar no pensamento
Vou ser forte, fortaleza
Para acabar com o sofrimento

Vou proibir que haja trancas
Onde se esconde a solidão
E abro rios de águas mansas 
A correr de chão em chão

Vou proibir a doença
Que amarra qualquer pessoa
O não acreditar na esperança
Consentir o que magoa

Vou proibir que exista a dor
Que a tristeza vem consumir
Vou abrir campos de flores
Quero ver todos a sorrir

Vou proibir que haja fome
O abandono de crianças
A injustiça que não dorme
A maldade e a ignorância

Vou espalhar a alegria
Vou abrir todas as portas
Vou dar largas à magia
A tristeza me revolta!

Maria Antonieta Matos 20-07-2015

NATAL


Sentimento à flor da pele,
Dores, num amargo fel,
Arrepios que a vida tece,
Muita fome, que o dia esquece,
Pedra fria, 
Gelo e maresia,
A manta que não aquece,

Alegria, mordomia,
Muitas luzes a brilhar,
Um sem fim, a desperdiçar,
Outro sem fim, sem um lar,
Sem uma pia de despejos, 
A céu aberto, 
Em qualquer lugarejo,
Numa tristeza sombria,
Sem apetite, sem magia,
Natal, uma longa noite fria,

Natal da saudade, 
Do nascer e do morrer
Do sofrer na enfermidade, 
Natal do ódio,
Do subir ao pódio, 
Natal do amor, 
Da família, 
Da homilia,
Do frenesim, do festim,
Da solidariedade, 
De parecer verdade,
O doce Pai Natal,
Que a chaminé invade,
Que deixa presentes,
Na madrugada quente,
Quando tudo descansa,
Em sonhos de esperança!

Maria Antonieta Matos, 09-12-2015