28 outubro 2017

ASSOMBRO

Há dias... que morrendo, viste,
Que a vida não gira ao redor,
Que o sono se apaga triste,
Num assombro de terror.

Há dias… que o mundo pára,
Que não há gente contente,
Murcha a flor… não se repara,
Oh! Que mundo comovente!

Há dias… que o teto cai,
Na cabeça estilhaçada,
Sacudindo o que lá vai!

Há dias que à esperança que ainda resta,
Esvaem-se prantos no caminho,
Para que se abra uma fresta!

Maria Antonieta Matos 08-08-2016
Desenho de meu amigo Costa Araujo Araujo

UM INFERNO

Um inferno invade meio País,
Em desvarios, gritos e enfermos,
Gente vai morrendo nesses ermos,
Horror, abafo se afigura,
Se avizinha a noite escura,
Que orientação tão espinhosa, 
Na levada do fogo em fúria,
Desnorte, incerteza, incúria,
Cansaços, agitação ruinosa.

Uma loucura sem precedente,
A arder em chama ardente,
Casas, haveres, escura floresta,
Sem saída gente Impotente.
Desacompanhada, inocente

Ficam os destroços, a angustia, a tristeza,
Uma vida, uma história enraizada,
Um vazio, tanta pobreza,
Um horizonte sem beleza,
A saúde tão abalada,
Cemitério a céu aberto,
Um caminhar tão incerto,
Uma espera longa truncada.

É preciso, não baixar os braços,
É preciso, erguer-se com firmeza, da cinza,
Unir-se… abraçar outros laços,
Deixar penetrar a nova brisa.

Alerta contestatários,
Não desviem as atenções,
Encontrem no diálogo, soluções,
Não se aliem a incendiários,
Descubram quem tem interesse,
Neste grande descalabre,
Que por lucro, tudo invade,
Loucos…!
Não houve quem os contivesse!

 Maria Antonieta Matos 16-10-2017
Foto: Maria Antonieta Matos

DESALENTO



Deixava-me sempre os olhos ébrios de prazer,

Sentia a exaltação e o fascínio colorido, ao chegar,

Paisagem tão única na mente desabilitada para julgar,

Pureza, liberdade, onde o mundo novo não sabe viver.




Ainda assim descerrou clarão aterrador e, o vento espalhou

Por serras, casarios, por tanta humilde gente,

Uma sombra escurecida, na paisagem tudo mudou, 

De mãos dadas uma cadeia de solidariedade vigente. 



Ah! Quanta aflição inesperada…! ninguém merece!

Tanta pobreza num desconforto, incessante. 

Nesta hora de preces… porquê, todo o mal acontece?



Quanta ventura, quanta luz imaculada um coração suplica.

Que o destino surdo e cego, esquece e abomina. 

E envolve nas suas malhas a angústia que não se explica.



Maria Antonieta Matos 23-10-2017 

Foto: Maria Antonieta Matos