Encandeio-me de tanto olhar a luz
Os olhos fecham-se empoeirados e secos
Mesmo assim teimo olhar o céu que me seduz
E nascer de novo como num começo
Os ossos cansam meu sustento
Já não tenho a agilidade d’ outrora
Mas a dormência num corpo sonolento
E os ouvidos assobiam a toda a hora
Perco-me a cada um segundo
Repito as palavras esquecidas
E os nomes já confundo
Risco um presente da mente
Vivo num passado iludida, perdida
Caminhando mais oscilante
Évora, 22-01-2021 - Maria Antonieta Matos
Pintura Costa Araújo