Num concerto sensacional
As ovelhas chocalhando
Mééé… para o ar a cantar
Com os pássaros chilreando
Aqui e ali anda um grilo
Ritmando a sonoridade
Num prado verde tranquilo
Reina grande felicidade
Gado ovino são ovelhas
Guardadas pelo pastor
O cão é seu grande ajuda,
Companheiro e protetor
Às ovelhas cresce a lã
No inverno sabe lhe bem
Mas quando chega o calor
A tosquia é que convém
É um trabalho feito à sombra
Pois despende grande esforço
O homem fica encurvado
Queixando-se depois do dorso
O corte com a tesoura
Já ficou ultrapassado
Agora existe uma máquina
Faz o trabalho despachado
O velo é bem escolhido
Com água tépida lavado
Depois fica a secar
Num local apropriado
Para desfazer nós existentes
E a porção ficar igual
Esguedelhar e carpear
São processos para passar
Posteriormente é cardada
Com borrifos de azeite
Para ficar mais desenriçada
De qualidade mais aceite
Com o auxílio de um fuso
A lã é transformada em fio
Operação artesanal, em uso
À noite ao serão te desafio
Puxando e alongado
Torcendo e enrolando
Anda de fuso em fuso
E sempre recomeçando
Finalmente é dobada
Na forma de um novelo
E assim fica preparada
Para fazeres o teu modelo
Pode ser uma camisola
Ou então um par de meias
Umas calças com virola
Ou o vestido que anseias
Outro caminho a seguir
Que antecede a tecelagem
A urdidura vem distinguir
No tear, cada fio na modelagem
Urdidura é um aparelho
Com uma armação de prumos
Distanciados e parelhos
Em tornos fixos, em resumo
Por eles passam os fios
E inicia outro processo
Monta-se seguir o tear
E à tecelagem tem acesso
Aqui opera o bom gosto
E a mistura da cor
Delicias-te pressuposto
Do trabalho inovador
A lã depois de tecida
Retirada do tear
Fica pouco favorecida
É preciso a pisoar
A pisoagem faz-se no pisão
Engenho artesanal
É movido pela água
E está em vias de extinção
Com maços de madeira
Fortemente a bater
No tecido molhado
Com água a ferver
Deste modo vai adquirir
A textura mais compacta
Capaz de corresponder
À aplicação exata
Maria Antonieta Matos 25-08-2012