20 fevereiro 2013

CICLO DO AZEITE


Ali vejo crescer
Uma árvore no solo
E quem a plantou?
Foi ti António

Tem a folha verde
Muito pequenina
Está a florescer
E não está sozinha

Quero entender
O seu crescimento
E por isso olho
A todo o momento

O vento e a chuva
Sacode a flor
E caem as lágrimas
Parecendo ter dor

Vejo já o fruto
Vestido de verde
A crescer ao sol
Não acho ter sede

De forma oval
Mudando de cor
É azeitona
De grande valor

Vejo a oliveira
Com copa sombria
Vestida de luto
Cheia de maresia

Lá vem o rancho
Cantando umas modas
Cheio de energia
A cortar as podas

Trazem a merenda
Para merendar
E batem uma sorna (sesta)
Para descansar
São pagos à jorna
E têm que se esforçar
Por quilos que apanham
Assim vão ganhar

Vejo o olival 
E o Ti Gaspar
Com a vara na mão
Para varejar

Batendo nos ramos
Para o fruto cair
São azeitonas
Que estão a bulir

Vejo o ti Toscano
Debaixo da oliveira
A estender o pano
Com grande cegueira

Estão ali a cortar
O ramo já seco
E o luís a queimar
Bebendo um refresco

Subindo a escada
Esta a Henriqueta
Ripando os galhos
De azeitona preta

A escolher conserva
Está a Rita a fazer
E a pôr na tarefa
Para o ano se comer

Está muito sadia
Aquela azeitona
É para conserva
Diz a Maria Joana

Mudando a água
À azeitona verde
Depois de pisada
É muito apreciada

Com orégãos e sal
E folhas de louro
Tempero divinal
E o conduto é ouro

Caem a saltitar
Em tom musical
E para rabiscar
Vai o ti Florival

O pano está cheio
A jeito de ensacar
Tiram a folhagem
E está pronto a pesar

Direitinho ao lagar
Carregado de sacos
Lá vai o veículo
Cambaleando nos buracos

Segue-se a lavagem
E vai para moer
Já não tem folhagem
Dá para perceber

É triturada ainda
Para a transformação
E a prensa de seguida
Para fazer a extracção

Protegido do calor
É armazenado
Em grandes depósitos
Até ser engarrafado

Depois é rolhado
E vem a rotulagem
E espero que comprem
Com alguma margem

Assim se faz o azeite
Douradinho e a brilhar
Tempera bem a comida
Com muito bom paladar

É líquido e puro
E tem caminho duro
Mas é com confiança
Que se ganha no futuro

Um ano leva a colher
Uma só azeitona
E um segundo a comer
Tem conduta glutona

Maria Antonieta Matos 15/07/2011



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