Semeando o trigo
No campo arado
E sem nenhum aviso
Aparece germinado
Com chuva e frio
Lá está crescer
De pé muito esguio
E a espiga aparecer
Encantada a seara
Comove quem a vê
Que entretanto secara
E dourada se fez
A seara dourada
Ao sol a brilhar
Está lá já espigada
Pronta para ceifar
Lá estão as ceifeiras
Levam saia calça
Nos braços mangueiras
Vão todas "giraças"
Levam o chapéu
Para tapar o sol
E levam o lenço
Por causa do suor
A atar e fazer o molho
Lá está o ceifeiro
Mexendo sobrolho
Atrás do sobreiro
Fica o restolho
Para o gado comer
E a espiga do trigo
Lá vai para moer
Vão dentro de sacos
Rumo ao moinho
Que a vento resolve
Tudo devagarinho
Balança a mó
E a saca segurando
O moleiro muito só
E está a observar
A farinha a sair
Para ensacar
E dali seguir
Vem lá o padeiro
A comprar a farinha
É muito certeiro
E trabalha à noitinha
A amassar o pão
De mãos fechadas
Está lá o João
Às gargalhadas
Num alguidar
Lá fica a crescer
O pano a tapar
Até Deus querer
Sal e fermento
Farinha e água
Amassa o pão
E tende numa tábua
O forno está iluminado
Cheio de fechas de lenha
Mas só estará preparado
Quando lume já não tenha
Já se vê ali o borralho
Que dá calor a cozer o pão
Espalha-se com o ramalho
E está resolvida a questão
Agora com uma pá
Os pães entram no forno
Fecha-se a porta e zás
E espera-se o seu retorno
A cheirar bem e quentinhos
Não resiste ninguém
A provar aos bocadinhos
O belo gosto que tem
Um bom copo de leite
Com pão quente a tiborna
Leva açúcar e azeite
E fica na tua memória
Acabou-se este saber
Cheio de grandes emoções
Vamos lá a perceber
Se há outras soluções
Esta é a roda do pão
Contada passo a passo
Não deixes a tradição
Cair em fracasso
Este é um método
Muito caseiro
Que explica a forma
Sem muito dinheiro
Maria Antonieta Matos 14/7/2011

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