20 fevereiro 2013

CICLO DO PÃO

Semeando o trigo
No campo arado
E sem nenhum aviso
Aparece germinado

Com chuva e frio
Lá está crescer
De pé muito esguio
E a espiga aparecer

Encantada a seara
Comove quem a vê
Que entretanto secara
E dourada se fez

A seara dourada
Ao sol a brilhar
Está lá já espigada
Pronta para ceifar 

Lá estão as ceifeiras
Levam saia calça
Nos braços mangueiras
Vão todas "giraças"

Levam o chapéu
Para tapar o sol
E levam o lenço
Por causa do suor

A atar e fazer o molho
Lá está o ceifeiro
Mexendo sobrolho
Atrás do sobreiro

Fica o restolho
Para o gado comer
E a espiga do trigo
Lá vai para moer

Vão dentro de sacos
Rumo ao moinho
Que a vento resolve
Tudo devagarinho


Esfregado e pisando
Balança a mó
E a saca segurando
O moleiro muito só

E está a observar
A farinha a sair
Para ensacar
E dali seguir

Vem lá o padeiro
A comprar a farinha
É muito certeiro
E trabalha à noitinha

A amassar o pão
De mãos fechadas
Está lá o João
Às gargalhadas

Num alguidar
Lá fica a crescer
O pano a tapar
Até Deus querer

Sal e fermento
Farinha e água
Amassa o pão
E tende numa tábua

O forno está iluminado
Cheio de fechas de lenha    
Mas só estará preparado
Quando lume já não tenha

Já se vê ali o borralho
Que dá calor a cozer o pão
Espalha-se com o ramalho
E está resolvida a questão

Agora com uma pá
Os pães entram no forno
Fecha-se a porta e zás
E espera-se o seu retorno

A cheirar bem e quentinhos
Não resiste ninguém
A provar aos bocadinhos
O belo gosto que tem

Um bom copo de leite
Com pão quente a tiborna
Leva açúcar e azeite
E fica na tua memória
  
Acabou-se este saber
Cheio de grandes emoções
Vamos lá a perceber
Se há outras soluções

Esta é a roda do pão
Contada passo a passo
Não deixes a tradição
Cair em fracasso

Este é um método
Muito caseiro
Que explica a forma
Sem muito dinheiro

Maria Antonieta Matos 14/7/2011



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