24 janeiro 2019

SOU TUDO... E... NÃo SOU NADA

Sou árvore vigorosa, solta
Minhas estirpes me sustentam
São os dentes e a minha boca
Que fazem crescer meus braços
Frondosos que tudo aguentam

Com amor dou flores e frutos
O sol me aquece e roça
A chuva me acaricia e escuto
O sopro da ventania
Que às vezes me arrepia
E ao toque, meu corpo dança

Sou pranto de mágoa intensa 
Sou aconchego no ninho
Sou sorriso rasgado, vida 
cama e mesa, alma perdida 
Solidão, silêncio e espinho 

Sou fogo, tristeza, dor
Sou esqueleto ignorado
Sou joguete que muda a cor
Sou um susto, o adamastor
Sou refúgio no triste fado

Sou lenda decorativa
Em palavras de saudade
Sou o rosto embasbacado
Nesse tecer emaranhado
Que desperta ansiedade 

Sou a grade do cativeiro
Que não deixa nada passar
Preso sem boca, nem dinheiro
Para um qualquer usar

Sou folha caindo aos poucos 
Da árvore que sustenta a vida
Sou baile, euforia de loucos
Para a etérea partida

Sou tudo, e não sou nada
Quando sou luz ou me desligo
Que mereça quando há falha
Que precise e nada valha
Que prevaleça o castigo

21-04-2018 Maria Antonieta Matos

Sem comentários:

Enviar um comentário