29 janeiro 2019

AS EMOÇÕES DO TEMPO

Ó tempo, que trocaste teus hábitos,
Que me enganas em cada estação,
Que atormentas os povos com errada decisão,
Mas que nos trazes às vezes a luz da razão.

Eram quatro as estações do ano,
Que aprendi desde muito cedo,
Cada uma ostentava emoção,
De alegria, tormenta e medo.

No inverno intensa chuva,
Dia e noite lavravam ribeiros,
Choravam os beirais no chão,
Acenando o arvoredo.

Trovejava… gritavam luzes no céu,
Rugia o vento altivo,
Pintava-se o dia de breu,
Encharcado ficava o corpo,
Resfriado até ao osso,
Rodopiava o chapéu.

Alagada a terra frutífera,
Geminava a semente,
Lançada com mãos de “guerra”,
Um corrupio permanente.

Na chaminé estalava a chama,
O café perfumava a casa,
Os mais velhos contavam “estórias”,
Ia-se cedo para cama.

E lá vinha a primavera,
Colorida e luminosa,
Tudo era verde e florido,
A cada canto uma rosa.

Seduziam as andorinhas no céu,
Chilreando de contentes,
Olhares concebiam véus,
Traçando linhas cadentes.

Às vezes tinha chuva, tinha vento,
Tempo ameno, trovoada,
A cultura agradecia,
Nos regos, a vida surgia,
P’ la terra tão bem estrumada.

Espreitava o verão trazia chama,
O corpo exausto transpirava,
A hora da sesta só a cama,
Acalma a sonolência obstinada.

No campo o chapéu e o lenço,
Ensopavam o suor a dilacerar,
E aliviavam o sol ardente,
Tão baixo, tão eminente,
Difícil de suportar.

O outono vinha cansado,
Da secura do calor,
As árvores despiam a ramagem,
Punham o chão multicolor.

Ficava triste o outono,
De frio e nuvens cinzentas,
As noites longas de sono,
Tinham manhãs rabugentas.

Aclamava o vento e a chuva,
Com vontade de sorrir,
De mudar o seu vestido,
Num tom verde divertido,
Das suas árvores vestir.

Maria Antonieta Matos 26-01-2019

Sem comentários:

Enviar um comentário