Talvez no correr dos anos vás esquecer
Os momentos felizes no verde campo, contigoÁ sombra da oliveira, com o sol a derreter
Entre olhares comungava meus ensejos contigo
Talvez os anos sejam o foco da lembrança
Que nós os dois temos sempre em mente
Por serem sorridentes num mar da esperança
Eternizamos nossos instantes para sempre
Talvez ainda velhinhos de mãos dadas
Com olhar provocador e matreiro, aconchegados
No nosso manto em fogo, até à alvorada
Talvez a vida não se esqueça de nós dois
E os anos passem eternamente apaixonados
Sempre ardentes como amantes, mesmo depois
Talvez emaranhados como livros velhos
Abraçados em estantes cobiçadas
Escorregando nas casas como novelos
Em castiçais sem luz, as suas laudas
Talvez o fogo que ateia de boca-em-boca
No ermo verde, apinhado de flores enraizadas
Sopre aos berros como uma cabra louca
A fantasia, a explosão das cinzas, e já não resta nada!
Évora, 14-01-2022 - Maria Antonieta Matos
Pintura: Costa Araújo
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