24 janeiro 2019

A VAIDADE

A vaidade quando impera, nada presta,
Que valha o motivo dessa mudança,
Porque esse enlevo tão-pouco resta,
No tempo, esse requinte também cansa.

A vaidade quase sempre é reversa,
Faz pensar o que não é,
Esconde-se na falsa modéstia,
Vive habilidosa, perversa,
Para quem usa de boa-fé.

Convencida no seu ego,
Vive em bicos de pés,
Bandeia-se de lado pr’a lado,
Com seu aspeto elevado, 
Mostrando aquilo que não é

Maria Antonieta Matos 12-05-2018
pintura de Costa Araújo

A MAGIA DOS ROSTOS

Rostos que marcam uma era
Que não morrem na memória 
São ecos da nossa esfera
Que acendem palcos de glória

São mitos cheios de magia
Poemas… ímpetos ao ouvido
São traços d’ arte que se cria 
Num dedilhar instruído 

Emoções que o semblante revela
De riso, inquietação ou prazer
Que o lápis fantasiando modela 

Luz que reflete no íntimo do ser
A cada retoque de beleza na tela
E fortifica a quietude e faz a saudade volver

12-04 2018 - Maria Antonieta Matos
Pintura de Costa Araújo

A CHUVA ÀQUELA HORA



                                                Pintura: Costa Araújo


A CHUVA ÀQUELA HORA


Na madrugada telintavas veloz na minha vidraça,
Para que eu ouvisse o teu canto àquela hora,
Assobiava o vento, abanava porta que dava graça,
Mas não me atrevia, embora queria, 
Aquele toque pl’a noite fora.

Maria Antonieta Matos 25-03-2018

MÃE


Aos ais está o meu peito,
De te ver tanto a sofrer,
Tanta dor, tanto mau jeito,
No teu corpo a perecer.

Teu sofrimento está em mim,
E tão pouco posso fazer,
Ao teu olhar nem um sim,
O meu te pode parecer.

Sinto-me tão impotente…!
Pequenina a precisar de colo,
Por não ouvir o que sentes.

Porque estás presa no leito,
Proibida, sem consolo,
Como se mal tivesses feito?

24-08-2018 Maria Antonieta Matos

MÃE


Tens cuidadores de excelência, 
Carinhosos e responsáveis, 
Que a cada tua ocorrência,
Reduzem a dor implacável.

Como seria em meu querer,
Ficares em casa junto a mim,
Chorando sem saber que fazer,
Num desconforto sem fim.

Bendito o Ser humano, 
Que pensou o remédio pr’a dor,
Que baniu desconforto e abandono,
E ditou dignidade, pra quem for.

Esse mal que muito afronta,
Que vem sem dó, nem piedade, 
Que o remédio desencanta, 
Que faz a dor sua vaidade

O sentir de cada um,
É tão difícil de ver,
Naqueles que se escondem na sombra,
E não se dão a conhecer.

Outros, as emoções sobressaem, 
No seu rosto ou no seu gesto,
Ou quando as lágrimas caem,
De alegria ou de protesto.

Mas se houver quem nos espere,
De braços abertos e coração cheio,
Vivemos de todo mal libertos,
E do sofrimento… alheios.

24-08-2018 Maria Antonieta Matos

MÃE

Partiste o nosso coração
De saudade a cada instante,
Deixaste teu lugar vazio 
Tão calado, tão sombrio,
Que o nosso mirar incessante, 
Cheio de sede de te ver,
Turva de tanto nos parecer, 
Sentir teus passos, teu ar,
A caminhar, a viver,
Sem cansaço a remexer, 
E o teu peito tão amante.

Navega aqui tua estória,
Teus sorrisos escancarados,
Teus amigos enamorados,
Desses momentos de glória. 

As lembranças que deixaste,
A saudade nunca esquece,
A cada canto que moraste, 
Um renascer acontece.

Maria Antonieta Matos 06/09/2018

MÃE

Grita uma saudade no peito,
Que acorda os dias, os passos,
Escurece meu íntimo desfeito,
De ver tão longe teus abraços.

Chovem lágrimas no sossego,
Revivendo a nossa estória,
Que se apagou de repente,
Desta maneira tão inglória.

Murmura-me a cada segundo,
Aquele teu passeio pela vida,
Que não esqueço neste mundo.

Ficarás sempre em pensamento,
A recordar teus sorrisos,
E a nasceres num momento.

21-08-2018 Maria Antonieta Matos

VOU PROIBIR A TRISTEZA

Vou proibir a tristeza
De sonhar no pensamento
Vou ser forte, fortaleza
Para acabar com o sofrimento

Vou proibir que haja trancas
Onde se esconde a solidão
E abro rios de águas mansas 
A correr de chão em chão

Vou proibir a doença
Que amarra qualquer pessoa
O não acreditar na esperança
Consentir o que magoa

Vou proibir que exista a dor
Que a tristeza vem consumir
Vou abrir campos de flores
Quero ver todos a sorrir

Vou proibir que haja fome
O abandono de crianças
A injustiça que não dorme
A maldade e a ignorância

Vou espalhar a alegria
Vou abrir todas as portas
Vou dar largas à magia
A tristeza me revolta!

Maria Antonieta Matos 20-07-2015

NATAL


Sentimento à flor da pele,
Dores, num amargo fel,
Arrepios que a vida tece,
Muita fome, que o dia esquece,
Pedra fria, 
Gelo e maresia,
A manta que não aquece,

Alegria, mordomia,
Muitas luzes a brilhar,
Um sem fim, a desperdiçar,
Outro sem fim, sem um lar,
Sem uma pia de despejos, 
A céu aberto, 
Em qualquer lugarejo,
Numa tristeza sombria,
Sem apetite, sem magia,
Natal, uma longa noite fria,

Natal da saudade, 
Do nascer e do morrer
Do sofrer na enfermidade, 
Natal do ódio,
Do subir ao pódio, 
Natal do amor, 
Da família, 
Da homilia,
Do frenesim, do festim,
Da solidariedade, 
De parecer verdade,
O doce Pai Natal,
Que a chaminé invade,
Que deixa presentes,
Na madrugada quente,
Quando tudo descansa,
Em sonhos de esperança!

Maria Antonieta Matos, 09-12-2015

VENTO SUÃO

Domina-te oh! Vento Suão, 
Não me estrague o meu dia,
Que a cabeça fica em vão, 
Nos olhos pega um nevão,
No ouvido uma agonia. 

Não sei quem te deixa assim,
Tão enraivado correndo,
E vens descarregar em mim,
Cheiros, dores e afins, 
E os sentidos me vás moendo. 

Levas-me às cegas voando,
Secas as flores lá no campo,
Vens como alma penada, 
Tudo cortas de rajada, 
Onde passas… há desencanto.

28-04-2017 Maria Antonieta Matos

28 outubro 2017

ASSOMBRO

Há dias... que morrendo, viste,
Que a vida não gira ao redor,
Que o sono se apaga triste,
Num assombro de terror.

Há dias… que o mundo pára,
Que não há gente contente,
Murcha a flor… não se repara,
Oh! Que mundo comovente!

Há dias… que o teto cai,
Na cabeça estilhaçada,
Sacudindo o que lá vai!

Há dias que à esperança que ainda resta,
Esvaem-se prantos no caminho,
Para que se abra uma fresta!

Maria Antonieta Matos 08-08-2016
Desenho de meu amigo Costa Araujo Araujo

UM INFERNO

Um inferno invade meio País,
Em desvarios, gritos e enfermos,
Gente vai morrendo nesses ermos,
Horror, abafo se afigura,
Se avizinha a noite escura,
Que orientação tão espinhosa, 
Na levada do fogo em fúria,
Desnorte, incerteza, incúria,
Cansaços, agitação ruinosa.

Uma loucura sem precedente,
A arder em chama ardente,
Casas, haveres, escura floresta,
Sem saída gente Impotente.
Desacompanhada, inocente

Ficam os destroços, a angustia, a tristeza,
Uma vida, uma história enraizada,
Um vazio, tanta pobreza,
Um horizonte sem beleza,
A saúde tão abalada,
Cemitério a céu aberto,
Um caminhar tão incerto,
Uma espera longa truncada.

É preciso, não baixar os braços,
É preciso, erguer-se com firmeza, da cinza,
Unir-se… abraçar outros laços,
Deixar penetrar a nova brisa.

Alerta contestatários,
Não desviem as atenções,
Encontrem no diálogo, soluções,
Não se aliem a incendiários,
Descubram quem tem interesse,
Neste grande descalabre,
Que por lucro, tudo invade,
Loucos…!
Não houve quem os contivesse!

 Maria Antonieta Matos 16-10-2017
Foto: Maria Antonieta Matos

DESALENTO



Deixava-me sempre os olhos ébrios de prazer,

Sentia a exaltação e o fascínio colorido, ao chegar,

Paisagem tão única na mente desabilitada para julgar,

Pureza, liberdade, onde o mundo novo não sabe viver.




Ainda assim descerrou clarão aterrador e, o vento espalhou

Por serras, casarios, por tanta humilde gente,

Uma sombra escurecida, na paisagem tudo mudou, 

De mãos dadas uma cadeia de solidariedade vigente. 



Ah! Quanta aflição inesperada…! ninguém merece!

Tanta pobreza num desconforto, incessante. 

Nesta hora de preces… porquê, todo o mal acontece?



Quanta ventura, quanta luz imaculada um coração suplica.

Que o destino surdo e cego, esquece e abomina. 

E envolve nas suas malhas a angústia que não se explica.



Maria Antonieta Matos 23-10-2017 

Foto: Maria Antonieta Matos

03 agosto 2017

BRINCAS DE ÉVORA

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UM SERÃO NO BAIRRO DE SANTO ANTÓNIO

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Notícias de Évora
03-03-1982

MORREU MESTRE SANDES o criador dos bonecos da Orada

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Notícias de Évora
15-01-1982


Entrevista com o Dr. Joaquim Lavajo, Director Artístico do Coral Evora

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Notícias de Évora
07-02-1985


10.º ANIVERSÁRIO DO CENTRO CULTURAL DE ÉVORA - Mário Barradas ao nosso diário

10.º ANIVERSÁRIO DO CENTRO CULTURAL DE ÉVORA 
Mário Barradas ao nosso diário
Notícias de Évora 
05-01-1985

PAULO ANTRAN em entrevista ao nosso jornal

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em entrevista ao nosso jornal

Notícias de Évora 
24-08-1984

Comemorações do 8.º aniversário do Grupo de Cantares Regionais de Portel

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Diário do Sul
20-01-1984