Que
na tua dor, que é abismo e eco,
O amor te alcance no gesto mais seco,
No olhar silente, na mão estendida,
E na sombra mais fria, te sopre mais vida.
Que
o amor, em seu manto de luz tão fugaz,
Abrace a ferida, te traga paz,
Que ele seja o barco, o vento, o cais,
Quando o mar bravo, em ti for demais.
Que na tua dor, que queima e
consome,
O amor te chame, segrede teu nome,
E que tua alma, tão frágil, escute,
A melodia que só o amor impute.
Que
a ternura, com sopro de eternidade,
Renasça no peito apague a saudade
E em cada lágrima que no chão fecunda,
Faça brotar a flor que tempo junta.
Que
na tua dor profunda e aflita,
O amor seja chama, abrigo, guarida,
E mesmo na escuridão que em ti invade,
Te
lembres: o amor é tua verdade.
Évora, 2024 - Maria Antonieta Matos